domingo, 18 de dezembro de 2011

Um servo de DEUS

Certo dia chegaram ao Céu um Marechal, um Filósofo, um Político e um Lavrador.
Um Emissário Divino  recebeu-os, em elevada esfera, a fim de ouvi-los.
O Marechal aproximou-se, reverente, e falou:
-          Mensageiro do Comando Supremo, venho da Terra distante.
-          Conquistei muitas medalhas de mérito, venci numerosos inimigos, recebi várias homenagens em monumentos que me honram o nome.
-          Que deseja em troca de seus grandes serviços? – indagou o Enviado.
-          Quero entrar no céu. 
  O Anjo respondeu sem vacilar:
-          Por enquanto, não pode receber a dádiva. Soldados e adversários, mulheres e crianças chamam-no insistentemente da Terra. Verifique o que alegam de sua passagem pelo mundo e volte mais tarde.
O Filósofo acercou-se do preposto divino e pediu:
-          Anjo do Criador Eterno, venho do acanhado círculo dos homens. Dei às criaturas muita matéria de pensamento. Fui laureado por academias diversas. Meu retrato figura na galeria dos dicionários terrestres.
-          Que pretende pelo que fez? – perguntou o Emissário.
-          Quero entrar no Céu.
-          Por agora, porém – respondeu o mensageiro sem titubear -, não lhe cabe a concessão. Muitas mentes estão trabalhando com as idéias que você deixou no mundo e reclamam-lhe a presença, de modo a saber separar-lhe os caprichos pessoais da inspiração sublime. Regresse ao velho posto, solucione seus problemas e torne oportunamente.  
    O Político tomou a palavra e acentuou:
-          Ministro do Todo Poderoso, fui administrador dos interesses públicos. Assinei várias leis que influenciaram meu tempo. Meu nome figura em muitos documentos oficiais.
-          Que pede em compensação? – perguntou o Emissário do Alto.
-          Quero entrar no Céu.
O Enviado, no entanto, respondeu, firme:
-          Por enquanto, não pode ser atendido. O povo mantém opiniões divergentes a seu respeito. Inúmeras pessoas pronunciam-lhe o nome com amargura e esses clamores chegam até aqui. Retorne ao seu gabinete, atenda às questões que lhe interessam a paz íntima e volte depois.
Aproximou-se então, o Lavrador e falou, humilde:
-          Mensageiro de Nosso Pai, fui cultivador da terra... plantei o milho, o arroz, a batata e o feijão. Ninguém me conhece, mas eu tive a glória de conhecer as bênçãos de Deus e recebe-las, nos raios do Sol, na chuva benfeitora, no chão abençoado, nas sementes, nas flores, nos frutos, no amor e na ternura dos meus filhinhos...
 O Anjo sorriu e disse:
-          Que prêmio deseja?
O Lavrador pediu, chorando de emoção:
-          Se nosso Pai permitir, desejaria voltar ao campo e continuar trabalhando. Tenho saudades da contemplação dos milagres de cada dia... A luz surgindo no firmamento nas horas certas, a flor desabrochando por si mesma, o pão a multiplicar-se!... Se puder, plantarei o solo novamente para ver a grandeza divina a revelar-se no grão, transformado em dadivosa espiga... Não aspiro a outra felicidade se não a de prosseguir aprendendo, semeando, louvando e servindo!... 
O Mensageiro Espiritual abraçou-o e exclamou, chorando igualmente, de júbilo:
-          Venha comigo! O Senhor deseja vê-lo e ouvi-lo, porque diante do Trono Celestial apenas comparece quem procura trabalhar e servir sem recompensa.

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